quarta-feira, 30 de junho de 2010

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Deficiência Mental e escola regular: contribuições da Psicologia Histórico-Cultural

Giovani Ferreira BEZERRA[1]
[1] Graduando do curso de Pedagogia, 4º ano, pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), unidade de Paranaíba, ex-bolsista de iniciação científica pela UEMS e CNPQ.

A recente inclusão de alunos com Deficiência Mental, nas escolas regulares, exige dos professores uma compreensão menos estereotipada ou preconceituosa sobre essa própria deficiência humana. Contudo, pela nossa vivência acadêmica, em cursos de formação de professores, e pela leitura de bibliografia especializada, constatamos que a maioria dos educadores ainda se sente despreparada para receber, nas salas de aula comum, alunos nessa condição, em virtude do conhecimento teórico escasso e confuso de que dispõem.
Sendo assim, percebemos a premência de se empreender um estudo mais sistemático sobre a Deficiência Mental e suas implicações para o cotidiano escolar. Para tanto, buscamos, nos procedimentos técnicos da pesquisa bibliográfica a sustentação metodológica para desenvolver nosso próprio projeto de investigação científica acerca dessa temática, denominado Vygotsky: alternativa teórica para estudos sobre a Deficiência Mental, realizado entre os meses de agosto de 2008 e julho de 2009. Durante esse período, o projeto teve o apoio financeiro da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) e resultou em artigos, palestras e comunicações apresentados nessa mesma universidade.
Os objetivos da pesquisa, que tomou por base o referencial teórico da Psicologia Histórico-Cultural, foram: compreender o conceito de Deficiência Mental na sua relação dialética entre capacidades x incapacidades; entender os processos de aprendizagem e desenvolvimento intelectual das crianças com esta deficiência e propor alternativas e sugestões didáticas para a efetivação de uma práxis pedagógica inclusiva.
Os resultados a que chegamos podem ser assim sintetizados:
1. A Deficiência Mental não pressupõe apenas incapacidades e disfunções neurológicas, mas é uma condição orgânica complexa, que evidencia também habilidades muito particulares, tais como a inteligência prática, a memória natural e a psicomotricidade. A existência dessas habilidades revelam um caminho promissor, que pode sustentar, de maneira positiva e menos dolorosa, a inclusão de alunos com esse quadro clínico no Ensino Regular.

2. O conceito de Deficiência Mental não pode estar circunscrito aos déficits neurológicos individuais, chamados de primários na concepção vigotskiana. A sociedade, com suas práticas excludentes ou ainda superprotetoras, exerce um papel negativo em torno da pessoa com Deficiência Mental, agravando, num plano secundário, suas limitações intelectuais e psicológicas.

3. Como, na perspectiva da Psicologia Histórico-Cultural, as funções mentais superiores constituem-se na relação dialética entre os sujeitos, sendo nestes internalizada e/ou elaboradas como processo intrapsicológico (individual) a partir da dimensão interpsicológica (vivência entre pessoas), o discurso do determinismo biológico das aptidões humanas perde sua velha autoridade. Em seu lugar, emerge uma interpretação oposta, que considera as possibilidades individuais de apropriação e experiência culturais como fator determinante para o quadro de Deficiência Mental, mais do que as eventuais disfunções do Sistema Nervoso Central (SNC).

4. A plasticidade cerebral e a contínua formação sistêmica do psiquismo humano sugerem que crianças com Deficiência Mental podem, apesar de suas restrições intelectuais, desenvolverem novas conexões no córtex cerebral, compensando assim os efeitos da própria deficiência. Nesse sentido, a aprendizagem escolar, orientada para interferir na Zona de Desenvolvimento Potencial de cada criança, pode ser um poderoso estímulo para o SNC.

5. A prática pedagógica precisa olhar mais atentamente para as habilidades e possibilidades de realização cognitiva dos alunos com Deficiência Mental, de modo que a sala de aula inclusiva seja um espaço de aprendizagens recíprocas, partilha de saberes, atitudes e competências. Uma alternativa para viabilizar tal prática é o trabalho com projetos temáticos e a adoção de propostas qualitativas para a avaliação do desempenho individual e coletivo nas atividades curriculares.

Diante dos resultados ora apresentados, percebe-se a relevância de nossa pesquisa, não só para nossa formação enquanto pesquisadores na área da Educação Inclusiva, mas também para toda a Academia e para os educadores da Educação Básica, que poderão encontrar em nossos estudos fundamentos teóricos e metodológicos consistentes para a fundamentação de sua própria práxis.

sábado, 26 de junho de 2010

Sala multimeios: um recurso para efetivar a Inclusão (Artigo de Opinião)

A Sala multimeios ou multifuncional, outrora chamada apenas de sala de recursos, é um importante aliado na efetivação do processo de inclusão escolar. Por isso, não deve ser dispensada. Preocupa-me muito o fato de ainda se valorizar tão pouco esse espaço e mesmo sonegá-lo aos alunos com deficiência, pensando-se que apenas a presença de monitores na sala de aula regular já é suficiente. A sala de recursos multifuncional é que garante o sucesso da aprendizagem escolar e o desenvolvimento sócio-cognitivo desses alunos, dando-lhes, no contraturno, um suporte para que se apropriem dos conteúdos acadêmicos.
A verdadeira inclusão escolar não é aquela que só "acolhe", mas, sobretudo, aquela que proporciona condições de permanência com qualidde na escola e a continuidade dos estudos, pois, do contrário, não se precisaria dela (as outras instituições sempre fizeram essa "acolhida"). A escola, como sabemos, prima pela transmissão do saber historicamente produzido e acumulado, de modo sistemático e intencional. Nesse sentido, a sala de multimeios é a base para garantir aos alunos com deficiência ou transtornos globais do desenvolimento (não usem mais necessidades educacionais especiais, porque esse termo é tão amplo quanto vazio de sentido) a apropriação das funções psicológicas superiores, tais como o domínio sobre a memória, a atenção voluntária (concentração), a linguagem racional, a abstração, a generalização, a simbolização e o pensamento abstrato.
Para tanto, lembro, todavia, a necessidade de se estabelecer um diálogo franco entre professores da sala regular e da sala multimeios, buscando-se elaborar um plano de desenvolvimento cognitivo que contemple as reais dificuldades cognitivas/adapatativas dos alunos com deficiência, estimulando-se as funções psíquicas afetadas ou comprometidas, ao mesmo tempo que se busca identificar suas competências e habilidades para direcionar a atuação docente e combater um eventual sentimento de inferioridade, comum nesses casos, criando-se, assim, aquilo que denominamos de vias compensatórias para o desenvolvimento da personalidade.
Ressalto ainda o fato de que essa sala não deve ser um espaço para reforço escolar, pois não trabalha diretamente com conteúdos, e sim com a formação de processos intelectuais superiores (para a deficiência intelectual) pela via indireta, mediata, isto é, por meio de jogos, brincadeiras, desenhos, uso da informática, contação de histórias, dramatizações, discussão em grupo, reprodução/imitação de atividades cotidianas, músicas, uso de materiais concretos e coloridos, além de outras de estratégias metodológicas, sempre muito bem definidas pelo professor especialista e com objetivos bastante claros, em cada situação que este propõe.
Nisso reside o trabalho do atendimento educacional especializado para a Deficiência Intelectual, que, se levado a sério pelas isntituições escolares e iniciado o mais cedo possível, pode sim tornal uma realidade a aprendizagem escolar e o desenvolvimento cognitivo, línguístico e social de crianças com essa deficiência.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Videos sobre Deficiência Intelectual

Nos anos 90, ainda no auge do Paradigma da Integração, a TV Escola divulgou alguns videos sobre a inclusão de crianças com deficiência intelectual na escola comum, como projeto-piloto. Esses videos, pouco divulgados, são excelentes e ricos em sugestões metodológicas, ajudando-nos a compreender melhor essa deficiência, apesar dos termos usados e da abordagem empregada. O link direciona para o domínio público. Acesem o video Def. Mental: ameaça ou oportunidade, dentre outros tantos disponíveis: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.do
Quando a página carregar, escolha a opção video em tipo de mídia e TV escola/Educação especial na opção categoria. Em seguida, clique pesquisar e pronto, você acessará uma lista com muitos videos, inclusive sobre surdez e deficiência física.

Como fazer um jogo da memória?

Olá, quero contar a vocês como se pode fazer um jogo da memória, sem gastar quase nada e ainda promover o desenvolvimento cognitivo de alunos com deficiência intelectual ou dificuldades acentuadas de aprendizagem.
Pegue cerca de 30 caixas de fósforo, do mesmo tamanho. Assim, você terá 15 pares para serem formados no jogo. Encape as caixinhas com papel camurça ou outro qualquer da mesma cor e tom, para não viciar o jogo. Nas faces maiores, cole as figuras, como por exemplo de animais ou objetos. A cada 2 caixinhas, você deverá colar a mesma figura, sem nenhuma diferença. Para isso, procure figuras COLORIDAS na internet e faça cópias idênticas. Se o jogo for com animais, vc pode colocar um pouco de mamífero, de ave, de réptil, etc (duas vacas, duas galinhas, duas cobras, etc). Isso permite que, ao terminar o jogo, vc explore a classificação desses animais com as crianças, pedindo que separem as aves, os mamíferos, etc e expliquem o porquê da classificação. Na hora do jogo, as caixinhas devem estar embaralhadas, dispostas em colunas e com a face da figura voltada para baixo. O modo de jogar é o de qualquer outro jogo da memória, preferencialmente em duplas ou quartetos. Aproveite também para explorar a ideia de quantidade, quando encerrar o jogo, perguntando quem tem mais pontos, quantas caixinhas um tem a mais/menos que outro, quantos pares cada um fez, quantas caixinhas ao todo tem cada um, quantas peças tem o jogo....Essas iterferencias são cruciais para o desenvolvimento cognitivo da criança, nas séries iniciais e educação infantil. Esse jogo pode ser usado nas aulas de ciências, por exemplo, como estratégia para trabalhar a classificação dos seres vivos ou mesmo na sala de recursos, como um complemento aos assuntos que a criança deverá dominar na escolarização regular, mas sem a característica de reforço escolar. Outra variação é associar um objeto, animal, etc à escrita correspondente ou mesmo a quantidade ao número..O uso das caixinhas de fósforo, vale ressaltar, favorece a preensão da criança, que pode ter dificuldades na coordenação motora. Vc ainda pode, antes de encapar com o papel camurça e passar contact, preencher as caixinhas com papel, massinha ou outro material para torná-las mais resistentes e pesadas, tornando mais fácil os movimentos preênseis de alunos com paralisia, que costumam ter muitas dificuldades motoras Aproveitem!!!Que tal fazer um joga da memória com os jogadores da Copa, associando nome e figura? Ou instrumentos do futebol, como rede, trave, bola, chuteira, gramado, apito, jogador, juiz, etc..?!!!Experimente na sala de recursos...As crianças vão adorar....

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Mais dicas para promover o desenvolvimento cognitivo de alunos com DI

1) Na Educação Infantil e anos inicias , explore as brincadeiras de papeis e de faz de conta, porque promovem o desenvolvimento da imaginação, da simbolização, da abstração e da generalização, conceitos básicos para a aprendizagem escolar, além a emergência de uma linguagem mais elaborada. Isso ocorre porque a brincadeira é um momento de muita interação verbal entre as crianças, preservando-se o papel de mediador do professor.
2) Explore brincadeiras ou situações que levem à compreensão dos conceitos alto/baixo; em cima/embaixo; maior/menor; na frente/atrás; direita, esquerda, entre duas coisas/ passado, presente, futuro; mais/ menos; igual;diferente; primeiro/segundo....último. Isso é muito importante para a posterior aprendizagem da escrita, da matemática e ainda para a orientação espacial e temporal, facilitando apropriação de conceitos matemáticos, geográficos, históricos, gramaticais, etc. pela criança.
3) Trabalhe com narrativas visuais, para que a própria criança fale e recrie a história, desenvolvendo o raciocínio, a compreensão, a sequência de fatos e a oralidade (no caso da síndrome de Down, costuma haver dificuldades de fala).
4) Leve jogo da memória, para ajudá-la a desenvolver atenção, concentração e associação. Quebra-cabeças também são excelentes para estimular as funções cognitivas.
Mais dicas em breve. Acompanhe nosso blog e sugira outras dicas, com base em sua experiência.!!!! Abraço...

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Dicas para trabalhar com alunos com deficiência Intelectual

Escreva com cores diferentes na lousa para chamar atenção e facilitar a localização de informações pelo aluno;
Adote o princípio vigotskiano da coletividade heterogênea, isto é, forme grupos de alunos com diversas capacidades intelectuais;
Utilize atividade de duração curta ou média, evitando assim a saturação psíquica do aluno e o consequente desinteresse. Leve recursos com som, muitas imagens e permita que o aluno faça alguma coisa, em vez de só ouvir, como cartazes, recortes, paineis, dramatizações, jogos matemáticos para compreender as quatro operações...
Sistematize o conhecimento com estratégias metodológicas que estimulem a concentração e a atenção seletiva do aluno.Exemplo: na aula de História (ou qualquer disciplina), apresente figuras, músicas da época e prepare um texto-síntese, a partir do material em uso. Divida esse texto em várias tirinhas, com algum caracter especial diferenciando as tirinhas, sem repetir(cores diferentes, um coração, um quadrado, uma estrela, uma carinha)Entregue uma para cada aluno e diga a eles para ficarem atentos, pois vc pedirá que leiam o que está escrito na tirinha, conforme a ordem que só vc conhece ()tenha seu controle).Como eles não sabem quando serão chamados, ficarão atentos à sua aula. Vc pode fazer assim: quem estiver com a tirinha escrita na cor azul, pode ler..O aluno lê a informação (que deve ser breve) e vc puxa a discussão. Se o alunoi não lê, mas conhece as letras, peça a ele que soletre, enquanto a classe tenta adivinhar o que está escrito no papel dele. Se ainda não conhece as letras, coloque-o em grupo ou no caso de ter muitas dificuldades também! Desse modo, todos particpam da sua aula, sem vc deixe de ser aquele que detém o saber sistemático. Esses caracteres especiais são colocados para chamar a atençaõ do aluno e ajudá-lo a reconhecer cores, símbolos, signos e localizar informações, aprendendo a seguir instruções e perceber-se dos recursos gráficos. Ao final, vc propõe a elaboração de um painel, para colar as tirinhas e pergunta: quem falou primeiro, vcs lembram? Qual tirinha?E depois? O aluno pode se recordar dos signos, em vez da ideia: primeiro passo para a aprendizagem do conteúdo Assim, o conteúdo é revisado e o aluno engaja-se numa atividade de memorização mediada, além de aprender a sequência: primeiro, segundo, terceiro... e observar o texto reconstruído, com a colagem de todas as tirinhas. É uma forma de trabalhar também com a síntese de um conteúdo e deixar que os alunos falem, em vez só do professor. Os movimentos do cartaz, as tirinhas, as cores, os signos tornam mais fácil envolver o aluno com deficiência intelectual. Nessa atividade, estimule a comparação entre os atributos das tirinhas, mostre a importância de se lembrar a ordem das ideias para montar o painel, a fim de manter a coerência do texto (percurso argumentativo) e a forma de se fazer uma síntese.Se quiser, peça para numerarem as tirinhas, reforçando a sequencia numérica. Entregue algumas tirinhas já numeradas, para dar pistas, se quiser.

Deficiência Mental ou Intelectual?! Eis a questão...

Há uma polêmica recente em torno do adjetivo mental para qualificar a deficiência de cunho cognitivo. Muitos teóricos recomendam o termo intelectual, que se tornou oficial pela Declaração de Montreal (Canadá, em 2004), da qual participou o Brasil. Para entender mais, vejmo texto do renomado Romeu Sassaki, acessando o link http://www.educacaoonline.pro.br/index.php?option=com_content&view=article&id=68:atualizacoes-semanticas-na-inclusao-de-pessoas-deficiencia-mental-ou-intelectual-doenca-ou-transtorno-mental&catid=6:educacao-inclusiva&Itemid=17

Vigotski e as deficiências

Vigotski inovou na Educação e na Psicologia porque defendia um enfoque revolucionário para o estudo da pessoa com deficiência, valorizando suas habilidades e potencialidades, em vez reforçar as limitações e disfunções. Por isso, abre possibilidades para repensarmos a prática pedagógica em tempos de inclusão...Para saber mais sobre o tema, acesse o artigo de minha autoria, orientado pela Profª Drª Doracina Ap. C. Araujo...Vocês poderão se surpreender com a beleza e a riqueza da abordagem vigotskiana...Para isso, cliquem no link http://www.sciencult.uems.br/index.php?pag=Anais, acessem os anais do V Sciencult, procurem pelo nome GIOVANI Bezerra e pronto!!!Você já poderá vizualizar nosso trabalho, que está em pdf. Abraço e postem comentários. Estou esperando visita!!!hihihii

sábado, 19 de junho de 2010

Avaliação escolar de crianças com deficiência intelectual

A avaliação escolar de crianças com deficiência intelectual, como toda avaliação, é algo que requer muito conhecimento teórico e rigor conceitual, para não cairmmos em práticas excludentes. Sugiro-lhes, por isso, a leitura do artigo que eu e a Profª Doracina escrevemos sobre o assunto, pensando nas dificuldades dos professores. Acesse o link e confira http://www.uems.br/seminarioemeducacao/anais/06.Giovani.pdf

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Resumo do texto (tuleski, 2008)

Pessoal, este é um resumo do texto que estamos vendo (encontros dos dia 14/06 e 28/06/10), usado por mim na apresentação da temática. Vocês podem usá-lo como um recurso para entender melhor as ideias do texto e mesmo para responder a atividade prática, no caso de não conseguirem adquir a apostila. Boa leitura!!!
Vigotski propõe a superação do determinismo biológico em Psicologia, demonstrando que o desenvolvimento humano segue um percurso evolutivo de natureza histórico-cultural.

Nesse sentido, seus estudos buscam entender o comportamento dos animais, para diferenciá-lo das formas de conduta tipicamente humanas.

A consciência humana forma-se a partir da prática social, tendo em vista as relações de produção (capitalismo x comunismo).

A Psicologia de Vigotski de ser interpretada como resposta às necessidades das sociedades russa e soviética, no período contraditório dos anos pós-revolucionários.

O uso de instrumentos e signos na atividade laboral, como forma de domínio sobre a natureza e sobre si mesmos, diferencia os homens dos macacos (transformação do meio e adaptação ao meio).

A linguagem racional, enquanto sistema simbólico, aparece da necessidade de comunicação entre os homens, no processo de trabalho, tornando-se então um fator básico de distinção entre homem e animal e o mecanismo capaz de transformar o pensamento prático em verbal.

A comparação entre o homem moderno e o homem “primitivo” evidencia a historicidade das funções psicológicas humanas, que não são dadas a priori, nem são produto de mera evolução quantitativa, mas estão associadas à forma como cada ser humano se relaciona em sociedade.

No homem “primitivo”, predominam as funções naturais, vinculadas às possibilidades biológicas; no homem moderno, prevalecem as funções culturais, baseadas no uso de dispositivos mnemotécnicos.

“O acesso de todos aos bens culturais (instrumentos e signos) impulsionaria o desenvolvimento de todos os indivíduos em sociedade” (TULESKI, 2008, p. 130).

Assim, fica claro que a evolução humana não depende apenas das leis biológicas, mas, sobretudo, das leis sócio-históricas.

O mecanismo capaz de produzir tal evolução é a transmissão, de geração em geração, das aquisições e conquistas humanas, tanto no âmbito da cultura material quanto intelectual.

12)Vigotski enfatiza que o comportamento humano é mediado e regulado por signos (linguagem, as estratégias de memorização, a magia, o sistema numérico e alfabético, o desenho, etc.).

O desenvolvimento de cada indivíduo está condicionado à apropriação desses signos e demais instrumentos culturais. Leia a citação de Leontiev, na página 133.

14)Na página 133, leia o último parágrafo, que termina na página 134.

A auto-regulação e a auto-disciplina do comportamento humano não podem ser fruto de mera coerção externa, mas devem resultar do engajamento do indivíduo num projeto coletivo, do qual participa como sujeito consciente e se apropria de novos objetivos/valores, abandonando atitudes egoístas.
“Se os homens são capazes de revolucionar a sociedade, sua forma de organização, as relações sociais ligadas à produção de suas próprias vidas, são capazes de revolucionar, de transformar sua própria natureza, podem desejar algo diferente do que são e concretizar tal desejo” (TULESKI, 2008, p.137).

Vigotski interessa-se, nesse contexto revolucionário, em estudar a criança, para então compreender a própria natureza humana e suas possibilidades de transformação a partir do coletivo.

Sua preocupação com o desenvolvimento individual leva-o, assim, a interessar-se pelo estudo da filogênese e ontogênese humanas.

A ontogênese não repete a filogênese, pois a criança já nasce num ambiente cultural, humanizado, repleto de mediações sociais, instrumentos, signos e pessoas, que direcionam seu desenvolvimento.

20) A escola deve promover o desenvolvimento das funções psicológicas superiores na criança (memória lógica, atenção voluntária, abstração, linguagem racional, pensamento verbal, auto-regulação, etc.).

A aquisição da linguagem e seus significados redimensionam as demais funções psíquicas, proporcionando a superação qualitativa dos fatores biológicos existentes em cada função psicológica.

A apropriação ou internalização das funções psíquicas superiores depende sempre da comunicação/interação da criança com outras pessoas, bem como das necessidades que a vida coletiva lhe impõe. Por isso, a psique é uma construção histórico-social, antes de ser um produto da biologia.

23) Interagindo com outros indivíduos, a criança aprende, assim, a regular seu próprio comportamento, utilizando com relação a si mesma as formas de conduta que os adultos utilizavam com ela (p. 158-159).
24) A educação coloca-se como essencial para a formação do novo homem comunista (alteração da consciência burguesa) e para a transmissão do conhecimento humano historicamente produzido e acumulado. Para tanto, a pedagogia precisa recorrer à Psicologia, que nortearia a práxis do educador.

25) A educação escolar não pode se deter nas funções elementares ou orgânicas das crianças, mas fazê-las avançar em seu desenvolvimento cognitivo, com a transição dos conceitos espontâneos aos científicos.
“A instrução é válida se precede o desenvolvimento”. Agora, leia o primeiro parágrafo da página 173, inclusive a citação de Vigotski, para entendermos essa frase.

27. Na educação das pessoas com deficiência, torna-se necessário criar vias colaterais (compensação), a fim de substituir as perdas biológicas e permitir o desenvolvimento das funções mentais superiores.

Vigotski, almejando que todos os indivíduos participassem do coletivo, propôs um novo papel à escola especial soviética: em vez de se adaptar à deficiência, ela deveria buscar diferentes recursos/métodos para superar as limitações individuais, preservando os mesmos objetivos da Educação Geral (comum).

O autor busca, assim, romper com a visão organicista e assistencialista da deficiência, sob o enfoque da Educação Social e Laboral, que proporcionaria às pessoas com e sem deficiência a participação na sociedade, a apropriação das funções psicológicas superiores e a objetivação de suas habilidades.

30. A teoria de Vigotski enfatiza, portanto, a apropriação, pelo homem, dos signos e das funções psicológicas superiores, que, por sua vez, obedecem à lei da internalização. Essa apropriação deve ser mediada pela escola, pelo trabalho coletivo e pelas relações sociais que os homens estabelecem entre si, a tal ponto que o fator biológico ou as deficiências orgânicas vão sendo superados e cada indivíduo torna-se dono das aquisições da cultura humana (material e intelectual), bem como capaz de controlar e conhecer seu próprio comportamento. “Vê-se agora a importância da educação como edificadora, como dirigente do processo de desenvolvimento de todos os indivíduos em sociedade, capaz de efetivar o homem comunista em sua plenitude” (TULESKI, 2008, p. 185).

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Memórias da Inclusão: entrecuzando passado e presente para fazermos um caminho diferente"....

Eu me lembro bem...

Há cerca de catorze anos (não é tanto tempo assim, né?!), eu estava iniciando a primeira série do Ensino Fundamental, ansioso para estrear minha cartilha, a "Nova Geração", e conhecer a nova turma. Uma alegria: não era mais um pré-escolar e sim um "escolar". Um desespero:Tinha até medo do que essa passagem poderia significar, com a chegada das notas, das provas, das responsabilidades e ainda o dever de cumprir o horário todinho, quietinho na carteira, ouvindo a professora...
Assim, num misto de contentamento e ansiedade eu me preparava para enfrentar a nova etapa de minha vida, tão curta até aquele momento. Junto comigo, na sala de aula, imagino que os demais enfrentavam os mesmos temores e as mesmas felicidades. Sabem como é felicidade de criança: parece xarope, pois é doce e amarga, às vezes. Mas, não me lembro muito bem daqueles colegas, a não ser do Carlinhos (seu nome verdadeiro não era esse, evidentemente). Carlinhos, além de colega de classe, era meu vizinho, nas redondezas gostosas do nosso subúrbio. Sabem como os subúrbios são poéticos e mágicos, não sabem?! Pois bem, o Carlinhos vivia nessa porção de mundo que nem eu, mas ele era "diferente"(não se esqueçam que pus aspas!!)...Aliás, sua família quase toda era diferente. Eu não entendia bem nem como, nem por que, mas erm e ponto final. Ningúem explicava muita coisa para criaça naqueles idos...(olha que nem sou velho). Lembro da minha mãe, uma senhora muita versada nas coisa da educação, embora tendo apenas a 4 ª série, comentando sobre como seria o fututo do Carlinhos na escola, reproduzindo as angústias da nossa professora. Recordo-me que ela dizia, como era voz corrente, que o tal menino tinha "problemas de cabeça"e dificilmente se alfabetizaria, mas a professora ia tentar. Se ele conseguisse, bem, senão, amém (como falavam os mais velhos que frequentavam a minha casa e eu ficava escutando, agraciado com a singeleza da rima). Acho que era aquela época em que diziam que o aluno com deficiência podia ser matriculado e permanecer na sala regular sempre que possível, sempre que conseguisse se adaptar...
E o Carlinhos começou a 1 série, com seu jeito peculiar, que estranhávamos ou ignorávamos, ou ríamos...Ah! Quando somos crianças, quem pode conosco? Nem o diabo, diria meu tio, prolongado a sua fala com sotaque alagoano, acentuantuando bem o D para meu delírio, como admiraor das variantes do Lácio...Mas voltemos ao Carlinhos, posto que tenho que apressar-me e conter as digressões. Na sala de aula, o Carlinhos tentava e tentava escrever, e....Não escrevia nada, ou melhor, desenhava minhocas, rindo-se muito, aproveitando as saídas da professora para levantar-se da carteira (uma ousadia na época) e rir à larga, jogar-se no chão e esticar mais ainda os rabiscos...A professora, brava, acabava num ato com sua alegria, tão logo retoranava. Carrancuda ou preocupada conosco? Nao saberia dizer, talvez nem ela, acostumada a ser assim e esquecida de si mesma, definida PELO termo vago de professora. E só. Uma tristeza de dó! De novo, uma digressão. Há de ser um vício de cronistas e memorialistas...Esqueçamo-lo, porque preciso contar não de mim, nem dela, a professora, mas dele, O CARLINHOS, gente, que nem sei onde está agora..Pois bem, não deu outra (não é possível, estou apaixonado pela oralidade!), a professora não esperou muito e deu sua sentença, apoiada pela coordenadora, o diretor e outros pais: o destino de Carlinhos era a sala especial, uma salinha pequena e sufocante que nós víamos de longe, na mesma escola, com receio de entrar (talvez porque quem ia não voltava mais!!!, com o perdão do gracejo). Ele foi. Não me recordo se triste, se alegre, mas foi...Pior, mais tarde, mandaram-no embora de vez: foi para a APAE. "Era o melhor a fazer", diziam algumas vozes, que fossem talvez o consciente coletivo, fingindo um pesar mal dissimulado. "Não aprenderia mesmo"..."A família toda, coitado"..."Tem problema grave de cabeça e não entede as letras..."Lá é o lugar certo, a escola tem os outros..."
Isso eu trouxe comigo até hoje, quero dizer, a lembrança triste e inquietante dessas frases. Pergunto-me sempre sobre como seria seu futuro se ele tivesse ficado conosco ou, mais acertadamnte, como seria nosso futuro se o Carlinhos tivesse ficado e se tornado nosso amigo...Seríamos mehores, aposto...Penso ainda na professora, que nada fez por ele, esperou passar o tempo e constatou o óbvio. Foi expectadora de um drama, não propôs alteração no roteiro e seguiu até o fim sua encenação...È, professores tem horror ao improviso...Somente os poetas e cronistas amam o improviso, fazendo deles a metonímia da vida...No entanto, não a condeno, nem critico (por certo, aqui se nota uma dose de afeto que me restou dela ainda, legado do coração pequenino de escolar)...Talvez ela não soubesse agir diferente, não conhecia outras peças, não conhecia a si mesma, estava só...Como fazer diferente? Era mais fácil transplantar esse adjetivo ambíguo-diferente-para o Carlinhos....Ficou assim, então....Eu ia para a escola todo dia, enquanto perto dali eu via o Carlinhos, esperando o ônibus para levá-lo à APAE..., com uma angústia fraquinha me apertando o peito. Peito de menino é tão pequeno e frágil. O do Carlinhos então?!!...................................
Lembrando-me disso agora, quando se passaram os anos e a vida me fez estudioso da educação, dando lá suas armações, e com o peso (ou a libertação?!) da maturidade, não posso deixar de sentir uma grande tristeza pelo Carlinhos que não conheci de fato, que vi de passagem. Mas também não posso negar uma certa alegria, a alegria de saber que Carlinhos se faz presente em cada palavra que falo, em cada esforço que faço pela inclusão escolar, para que os novos Carlinhos vivam melhor, aprendam mais e nos ensinem também...Acho que assim vou me perdoando, vou conhecendo o Carlinhos, vou tornando o menino da 1ª série um homem, um homem "diferente", aproveitando o toda a riqueza polissêmica dessa palavra, com a qual encerro minhas reflexões, deixando o passado para voltar á luta incessante a que me chama, voraz, o presente....
Com todo o carinho do mundo
Giovani Ferreira Bezerra

Fotos do segundo encontro





































Cronograma e Atividade Prática

Envio-lhes aqui a tabela COM O NOVO CRONOGRAMA do nosso Projeto. O próximo encontro será dia 28 de junho. Depois, voltamos só em agosto... No encontro do dia 28/06/10, das 17:30 às 19:ooh, concluiremos o texto que está em andamento. Vou comentar mais sobre a metodologia que utilizei, propor alguns ajustes e discutiremos as dúvidas. Comunico-lhes também que já está no XEROX DA UEMS a nossa atividade prática, referente ao texto já mencionado. Esta atividade deverá ser entregue no primeiro encontro de agosto, portanto, no dia 02/08/10. Também, como atividade prática, proponho ainda a elaboração individual de um texto memorialista (uma memória) sobre o que cada um vivenciou (na infância, na escola, na adolescência, na sociedade, na família, no trabalho, se já trabalhou na educação especial, se tinha vizinho com deficiência, como era, etc.) a respeito da inclusão/exclusão de pessoas com deficiência, especialmente no caso da deficiência intelectual, ressaltando suas reações, seus medos, suas expectativas, enfim, lembrando como era sua relação com essas pessoas ou apenas contando o que você ouvia sobre o assunto e como se sentia em relação ao que escutava...A memória também será obrigatoriamente para 02/08/10, ou seja, para o 1º encontro de agosto. O texto deve conter de 15 a 30 linhas apenas, com começo/meio/fim, escrito na 1ª pessoa do discurso (eu), em tom subjetivo, evocando fatos do passado, obecendo um percurso textual narrativo (pode ser manuscrito). Cada pessoa colocará seu nome completo na atividade e e-mail, se houver, criando necessariamente um pseudônimo (nome falso ou artístico). Por exemplo: giovani ferreira bezerra (Juan Pérez ou Gil Férrer, etc...), porque as memórias serão postadas no meu blog ( e com o pseudônimo ninguém saberá quem as escreveu). Com as memórias, quero iniciar alguns estudos sobre as narrativas dos sujeitos universitários e professores sobre as representações e concepções sobre a pessoa com deficiência, resgatando aspectos históricos individuais e coletivos, bem como análise do discurso. No blog, teremos a coluna Memórias da Inclusão: entrecuzando passado e presente para fazermos um caminho diferente"....Como vocês viram pelo VII Seminário em Educação, precisamos dar mais atenção aos discursos, ao longo do tempo e na contemporaneidade, desfazendo-se preconceitos e estereótipos, enquanto quesionam-se relações mesquinhdas de poder na escola e sociedade. Além disso, quando discutirmos sobre como Vigotski compreendia a deficiência e a forma de tratamento dado a pessoas nessa condição, será de extrema importância que vcs tenham refletido sobre isso, a fim de fazermos um paralelo. Para nós, professores, o trabalho com narrativas individuais tem se colocado como parte integrante da formação continuada, por permitir a objetivação e a catarse.Conto com a colaboração de vcs para isso e agradeço a todos, que têm se dedicado a esse projeto, muitas vezes deixando de lado seus compromissos ou aumentando o corre-corre diário. Isso mostra que temos os mesmos sonhos: transformar coletivamente a educação!!! Aqui O cronograma das datas fica assim:
Junho: 14/06 e 28/06
Julho: recesso
Agosto: 02/08; 16/08 e 30/08
Setembro: 13/09 e 27/09;
Outubro: 04/10; 18/10 e 25/10
Novembro: 08/11; 22/11 e 29/11
Dezembro: 06/12 encerramento

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Fotos do primeiro encontro





























Projeto de Extensão


Olá, amigos, o nosso próximo enconto do projeto de Extensão Vigotski e a Teoria Histórico-Cultural: subsídios teóricos e metodológicos para compreender a Deficiência Mental ocorrerá dia 14 de junho, numa segunda feira, das 17:30 às 19:00h. Já está no xerox da UEMS o texto para estudos referentes a esse encontro, intitulado Formação da consciência: um salto da evolução à revolução no comportamento humano. Procurem pelo material do projeto de extensão do giovani ou pelo título, acima mencionado. Creio que assim localizarão facilmente a pasta do nosso projeto. Não deixem de ler. Assim, nossos encontros, a partir de agora, ocorrerão sempre na segunda-feira, para não prejudicar ninguém. Qualquer dúvida, postem no blog ou me mandem um e-mail. Obrigado e desculpem-nos pelas mudaas. Queremos atender a todos, da melhor maneira possível. Um abraço....