segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Memórias

Ao relembrar meus tempos de estudante, surgiu em meio às minhas lembranças um fato importante que hoje, ao fazer parte de grupos de estudos que discutem a temática educação inclusiva, fez-me refletir.
Refere-se a Beatriz, uma menina de treze anos de idade com Paralisia Cerebral. Decorrente dessa paralisia, além de ter os movimentos dos membros inferiores afetados, sua fala também foi prejudicada.
Acredito que de todas essas dificuldades, a falat de comunicação era a que mais dificultava sua interação com as outras crianças, visto que a linguagem é o principal instrumento utilizado pelo homem para se comunicar.
Decorrente dessas limitações, sua aparência também saía fora dos padrões estabelecidos para uma pessoa dita "normal". Assim, as pessoas jamais pensariam que ela fosse capaz de pensar e compreender. Por isso, era simplesmente deixada de lado e ignorada.
Na sala de aula, não posso dizer como ela era tratada, pois estudava na sala ao lado, mas no intervalo sua presença não era muito agradável para os demais.
Quanto à minha atitude com Beatriz, não posso negar: tive medo, receio por não saber como lidar com ela. Acredito que isso fosse pelo fato de não conhecer essa deficiência, pois todos temos medo do desconhecido.
Lembro-me, porém, que ao observá-la no intervalo ficava pensando se não seria ruim para ela ficar sozinha, pois Beatriz poderia se sentir excluída. Resolvi então me aproximar dela, quase todos os dias me aproximava dela. Preocupada, resolvi conversar com a pessoa que ficava cuidando dela no recreio. Disse-lhe que Beatriz parecia querer falar comigo. A cuidadora, no entanto, logo me respondeu: "Não, não!!! Ela não quer nada não! Pode ficar tranquila, que ela nem sabe pensar!"


Memória escrita por participante do projeto.

Gostaria muito que refletissem, caros leitores, sobre a frase proferida pela cuidadora de Beatriz. Será que ainda hoje as pessoas falam assim sobre quem apresenta alguma deficiência?! O que vocês pensam dessa fala? É um alerta para todos nós...

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