quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Relato de uma prática pedagógica

Meu nome é Elis Regina Buarque (psedônimo). Durante algum tempo, fui professora de uma aluno com deficiência intelectual. Nos primeiros dias senti muita dificualdade em saber como trabalhar com ele dentro de uma sala de aula com 25 alunos. Então, comecei a fazer um prévio diagnóstico com professores e funcionários que estavam presente no seu cotidiano nos anos anteriores, investigando quais eram suas atitudes com o professor, como era dentro da sala de aula, o que mais gostava de fazer e quais eram suas HABILIDADES etc. Fiquei mais apavorada, pois eles me disseram que era agressivo com a professora, não gostava de ficar dentro da sala de aula e não fazia amizades. O que mais gostava era brincar na aula de educação física, quando era na quadra.
No decorrer desta prática, eu pude observar que os funcionários assumiam uma postura PATERNALISTA e de ASSISTENCIALISMO. Isso estava dificultando a relação do professor e o aluno e a socialização com as outras crianças. Aos poucos, fui conversando com eles e sugerindo atitudes desde a hora em que ele chegava até a saída. Comecei a trabalhar provocando situações que ele pudesse partilhar com outras crianças, já que ele tinha fala, visão...Ele não tinha, porém, coordenação motora para a escrita. Eu elaborava atividades em grupo, pensando nos seus limites e possibilidades e ele passou a ficar fora da sala basicamente só nos momentos em que todos podiam fazê-lo.
Tudo se tornou mais fácil. Ele adquiriu uma socialização com os colegas dentro da sala e fora, na hora do recreio e do lanche. A amizade com os funcionários se tornou formal. Em momento algum, me agrediu e permanecia na sala de aula normalmente. Exceto quando ele chegava com reação dos medicamentos e tinha necessidade de fazer atividade extra-classe com jogos que estimulassem sua auto-estima (sic!).
Acredito que a inclusão social é possível acontecer de forma correta, desde que os professores tenham apoio dos profissionais da escola, conheçam as potencialidades do seu aluno, tenham conhecimento do laudo médico ("não para rotular, mas para intervir!") bem detalhado e acreditem que ele pode ir além do que pensamos.
Ao término do ano, meu aluno havia adquirido autonomia para ir sozinho à biblioteca escolher o livro de sua preferência, mesmo que fosse apenas para interpretar as histórias por meio das ilustrações ou contada por outras pessoas. Ia ao banheiro sozinho, narrava sua história oralmente e gostava de participar nas atividades expositivas. Infelizmente, não consegui alfabetizá-lo nas leitura e escrita, mas fiz por ele o que estava ao meu alcance e acredito que, com mais tempo, ele pode aprender a ler e escrever, busacando-se novos recursos e estratégias pedagógicas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário